Escrito por: Confetam

Tomada do controle do patrimônio energético do Brasil está por trás do golpe

Seminário Nordeste em Defesa das Estatais e contra as Privatizações denuncia: objetivo do impeachment é entregar o pré-sal e o potencial energético do Brasil às multinacionais

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Municipais da BA, CE, MA e RN participaram do seminário

“O golpe não é algo construído apenas para dar sequência ao projeto neoliberal desencadeado na década de 90 no Brasil, que foi abortado com a eleição do Lula e posteriormente da Dilma. Não é somente uma reação das elites brasileiras à implementação de políticas de empoderamento da classe trabalhadora e de políticas sociais voltadas para as mulheres, negros, jovens e LGBTs. O que está por trás do golpe é o controle das energias, das hidrelétricas, da água, do petróleo e principalmente do pré-sal pelas multinacionais, sob o comando dos EUA”.

A avaliação sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff é da presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Vilani Oliveira, que representou a entidade no Seminário Nordeste em Defesa das Estatais e contra as Privatizações, promovido pela Plataforma Operária e Camponesa de Energia, nos dias 25 e 26 de agosto, em Salvador.

O evento, que visa sensibilizar a sociedade para o desmonte de empresas públicas considerados fundamentais para a soberania do Brasil, discutiu a estratégia do capital nas estatais brasileiras, a conjuntura da água e das estatais do Nordeste e da transposição do rio São Francisco, a conjuntura política e energética da CHESF e os desafios para os trabalhadores da Companhia, e a conjuntura Petróleo para Educação.

Petróleo e água são estratégicos

Os debates enfatizaram que o petróleo e a água são recursos estratégicos para a Nação e que a possível privatização das estatais destes setores é uma ameaça ao país. Foi destacada ainda que as alterações no contrato do pré-sal, com a abertura da exploração para empresas estrangeiras sem investimentos obrigatórios em educação e saúde, será extremamente prejudicial ao país.

“A retirada dos recursos dos royalties do petróleo da saúde e da educação levará ao desmantelamento do SUS, que já está em curso, e ao descumprimento do PNE (Plano Nacional de Educação). Nós entendemos que as estatais são um patrimônio do povo brasileiro e têm de estar à serviço do desenvolvimento e do bem estar da população”, afirmou Vilani Oliveira.

Participação dos municipais

Acompanhada por dirigentes da categoria dos Estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte, a presidente da Confetam reforçou o compromisso dos servidores municipais de se integrarem à Plataforma de Energia.

“Os municipais saem muito fortalecidos com o debate e com o compromisso de levar a discussão sobre as energias, com o foco no petróleo e na educação, para todos os estados onde a Confetam está organizada. Vamos descer o debate para os municípios e investir em formação para que possamos compreender e dimensionar melhor a questão do uso e da exploração das energias, consubstanciando a discussão com a nossa base”, afirmou Vilani Oliveira.

Rompendo com o corporativismo

Durante o evento, a presidente da Confetam defendeu que os municipais e todos os trabalhadores avancem na pauta de discussão para além dos interesses imediatos das categorias, incluindo temas que dialoguem com a sociedade, como a questão do uso das energias.  

“O grande desafio despertado nos sindicalistas presentes na atividade não foi só fazer o debate, mas romper com a pauta corporativista e incorporar nas nossas discussões questões como a degradação do meio ambiente e a apropriação dessas energias, que deveriam ser de uso universal da humanidade, mas estão sendo cada vez mais apropriadas pelo grande capital”, concluiu Vilani Oliveira.

O evento contou com uma grande participação da juventude, de trabalhadores do campo e da cidade, representantes dos movimentos sindical e popular, e de entidades que militam no setor das energias, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), um dos principais articuladores da Plataforma Operária e Camponesa de Energia.