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Os direitos LGBTI+ não devem ser outra vítima da Covid-19

À medida que o mundo responde ao impacto devastador do COVID-19, há um risco ainda maior de marginalização das pessoas LGBTI+

Publicado: 09 Abril, 2020 - 11h25

Escrito por: Confetam (Com informações da ISP)

ISP
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Não há dúvidas do impacto devastador da COVID-19, mas é importante lembrar que, para determinados agrupamentos sociais, vítimas das diversas desigualdades que atravessam a nossa existência, o abalo com o Novo Coronavírus será ainda maior.

Entre estes coletivos populacionais mais vulneráveis estão as lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexos (LGBTI+). Diante disso, em orientação distribuída ontem (07/04), a Internacional de Serviços Públicos, federação sindical global de trabalhadores dos serviços públicos, destacou algumas das diferentes maneiras pelas quais essa pandemia está afetando as pessoas LGBTI+ em todo o mundo.

O primeiro destaque é que pessoas marginalizadas serão potencialmente mais afetadas pelo COVID-19, particularmente aquelas fortemente dependentes de serviços públicos.

As pessoas de sexualidade não normativa já enfrentam consideravelmente mais barreiras ao acessar serviços públicos em circunstâncias comuns. Durante uma crise, há um risco ainda maior de exclusão desta comunidade enquanto tentam acessar a saúde e serviços públicos essenciais.

Diante disso, a ISP apela aos governos para que mantenham os serviços vitais necessários para ajudar os grupos mais estigmatizados e vulneráveis ​​da sociedade, para que todos possam acessar os serviços públicos de que precisam.

LGBTI+ como comunidade vulnerável durante a crise

Durante esse período de crise, temos preocupações específicas com a comunidade LGBTI+.

Cuidados de saúde: Muitas LGBTI+ já relatam problemas para acessar serviços de saúde em circunstâncias comuns. A crise atual mostrou que pode aumentar os problemas de acesso das pessoas LGBT +. As pessoas trans são particularmente afetadas, com muitos relatos das necessidades de saúde de pessoas trans e de gênero diverso, como terapia de reposição hormonal, sendo negligenciada ou adiada.

Também estamos preocupados com pessoas LGBT + vivendo com doenças crônicas ou condições de saúde subjacentes, como câncer e HIV, que apresentam taxas mais altas na comunidade.

As pessoas com essas condições subjacentes são mais vulneráveis ​​ao vírus no momento em que os sistemas de saúde estão sendo ampliados e seu acesso aos cuidados de rotina pode ser restrito. Com muitas partes do mundo em confinamento e o acesso aos medicamentos antivirais ao HIV sendo limitado em alguns lugares, os governos precisam garantir o fornecimento de medicamentos para aqueles que precisam.

A grande mídia relata que certos medicamentos para o HIV estão sendo pesquisados ​​como um tratamento potencial para o COVID-19, embora sejam bem-vindos, levantam preocupações sobre o fornecimento desses medicamentos para aqueles que já precisam deles devido à sua condição. Os anti-retrovirais devem estar disponíveis para todos que os necessitem. Grupos vulneráveis ​​não devem ser disputados entre si para determinar quem é mais merecedor.

Serviços para os sem teto: Estudos sobre os sem teto e moradores de rua estimam que de 20 a 40% de todos os sem-abrigo são considerados LGBTI+. Com o surgimento de dificuldades econômicas e restrições devido à pandemia, o acesso a esses serviços está se tornando cada vez mais difícil. Com muitos serviços lutando para lidar com a demanda, à medida que mais e mais moradores de rua buscam abrigo, os governos devem priorizar a procura de fontes alternativas viáveis ​​de acomodação para pessoas que não têm um lar para se isolar.

Combate à violência familiar: Estudos demonstraram que a violência familiar é uma das formas predominantes de ataques às LGBTI+, seja através de agressão por parceiro íntimo, agressões físicos e rejeição de sua sexualidade. Com as pessoas trancadas em suas casas com parceiros potencialmente violentos ou membros da família sem meios para escapar, todos os serviços de combate à violência doméstica devem continuar funcionando e outros meios para garantir a ajuda necessária para escapar desta situação violenta devem ser disponibilizados.

Convidamos as entidades filiadas à ISP a pressionar seus governos a:

  1. Iniciativas governamentais contra a violência familiar continuadas e manutenção de serviços de atenção, informação e denúncia não podem ser reduzidos nesta crise; os sobreviventes da violência familiar devem poder acessar ambientes seguros.
  2. Investir em iniciativas LGBTI+, por meio de serviços sociais, de saúde e sem teto, para garantir que essas pessoas tenham apoio durante esta crise.
  3. Garantir práticas de saúde não discriminatórias para as pessoas LGBTI+ e continuidade do atendimento àqueles que vivem com HIV e outras doenças crônicas que requerem cuidados e apoio contínuos.