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O Brasil no mundo: medalha de bronze em infectados; lanterninha na economia

Mau desempenho do país na condução da crise sanitária é apontado pela mídia internacional como sinal de derrota. Mas, na economia, o país estará em situação pior do que 190 outras nações

Publicado: 20 Maio, 2020 - 15h24

Escrito por: Com informações do PT

Reprodução da Internet
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O Brasil de Jair Bolsonaro é considerado o principal epicentro global da pandemia do coronavírus, com o governo emitindo sinais de descontrole completo na condução da crise sanitária. Os principais jornais do planeta veem com preocupação a piora no quadro de infectados e de mortos. O país já é o terceiro do mundo em número contaminados e o segundo em mortes diárias.

Tão ruim quando o desempenho na saúde do povo, também é terrível a performance da economia. Apesar das promessas desastradas de retomada do PIB proferidas por Paulo Guedes, o fato é que a omissão do ministro da Economia e sua falta de estratégia conseguiu transformar a crise num pesadelo econômico. O país terá o pior desempenho que 82% de 190 países, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Reportagem do jornal ‘Valor Econômico;, na edição desta terça-feira (19), informa que mesmo com a queda forte do PIB em boa parte do mundo devido à crise do Covid-19, o desempenho da economia brasileira no biênio de 2020 e 2021 deve ser pior que o da maioria dos países. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma queda de 5,3% da atividade econômica no país, mas no mercado já há quem preveja um recuo de 11%.

De acordo com os prognósticos do FMI, o PIB mundial vai crescer, na média, 1,3% neste ano e no próximo, enquanto o conjunto de economias emergentes deve avançar 2,7%, impulsionado pela expressiva recuperação esperada para China e Índia. O Brasil estaria mais alinhado ao desempenho previsto para o grupo de economias avançadas e o G-7, ambos com queda estimada de 1% pelo Fundo para 2020 e 2021. O economista Marcel Ballasiano, pesquisador do Ibre, avalia que a crise de saúde atingiu o Brasil num momento em que a atividade já vinha em ritmo de reação decepcionante, apesar do discurso ufanista de Guedes.

Este seria um dos fatores que explicam por que o país deve mostrar redução mais significativa do PIB este ano e retomada mais frágil em relação a outras nações. Mesmo se o país crescesse cerca de 2% este ano – era essa a aposta no mercado antes da pandemia –, o período de 2011 a 2020 se encerraria com avanço anual médio de 0,8%. É o pior desempenho da economia em 120 anos. O mérito, claro, é de Bolsonaro-Guedes, mas também de Temer-Meirelles, que organizaram um arrocho fiscal que cortou recursos para as áreas de saúde e educação e aprofundaram a desigualdade crescente no país.

“A queda na economia está superando todas a projeções que já saíram”, observa Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT. “Os liberais passaram anos criticando que Lula estimulou crescimento no consumo das famílias – para eles, os pobres deveriam economizar. Agora, sem qualquer autocrítica, choram o desmonte do consumo”, lamenta a deputada federal.

Balassiano aponta que os países estão lidando com um nível de incerteza sem precedentes na economia, devido ao novo coronavírus, uma vez que a reação da atividade depende de quanto tempo vão durar as medidas de isolamento social. Mas aqui a situação é agravada pela crise política, outra razão que ajuda a explicar o comportamento mais fraco da economia brasileira em 2020 e 2021. E, como se não bastasse, ainda há o componente neoliberal da agenda econômica de Guedes, contrária a investimentos públicos.

O equívoco da política econômica se projeto nos últimos dados do cenário brasileiro. O país tem hoje 17 milhões de lares com moradores sem renda – o que corresponde a 23,5% das residências das famílias brasileiras. É quase 1 casa em cada 4 sem que ninguém tenha qualquer tipo de renda. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, o número aumentou em 1 milhão. Os dados são recordes na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Foram apurados pela consultoria IDados, que compilou microdados do PNAD do IBGE.

Guedes repete Bolsonaro na economia

A falta de visão estratégica de Paulo Guedes, cuja miopia econômica só tem paralelo à estupidez política do presidente, se reflete em outros aspectos da tragédia econômica que o país experimenta. As promessas de ajuda financeira às famílias e empresas, anunciadas há 50 dias pelo governo, ainda estão longe de se refletir num colchão de proteção social.

O programa do governo Bolsonaro de ajuda às micro e pequenas empresas, por exemplo, está emperrado. Os donos de pequenos negócios no país até hoje não conseguiram acesso ao crédito prometido por Paulo Guedes. O dinheiro está empoçado nos bancos e não chega a quem precisa. Os resultados são preocupantes: dos R$ 40 bilhões anunciados pelo governo para injetar nas pequenas e microempresas, apenas R$ 1,6 bilhão foram efetivamente aplicados. Ou seja, o dinheiro não está sendo usado e as empresas estão morrendo.

O mesmo se dá com o pagamento de auxílio emergencial para os trabalhadores informais e famílias inscritas no Cadastro Único do governo para programas sociais. Nada menos que 37 milhões de pessoas não receberam até agora nenhum centavo dos R$ 600 que o Congresso aprovou como seguro-quarentena – três vezes mais do que o Palácio do Planalto queria a princípio liberar de ajuda. Bolsonaro havia sinalizado com R$ 200,00, pago em uma parcela, enquanto a oposição e o PT lutaram por ampliar os recursos, divididos em três parcelas.

Quando teve a oportunidade de minimizar o sofrimento da população, Bolsonaro radicalizou. Instado por Guedes, resolveu vetar o pagamento do auxílio emergencial a outras categorias profissionais e segmentos sociais, com a desculpa que o dinheiro é curto. Enquanto na Europa, França e Alemanha sinalizam com novo acordo para injetar mais 500 bilhões de euros – algo em torno de R$ 3,1 trilhões – para ajudar empresas e famílias, aqui o prenúncio é de que até o Bolsa Família está ameaçado.

Na segunda-feira, a velha bandeira neoliberal voltou a ser agitada pela equipe econômica. O secretário Política Econômica, Adolfo Sachsida, sinalizou que o Brasil precisa reexaminar em 2021 os programas sociais e conter os gastos. Para Sachsida, o auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200 é importante, mas muito caro. O Tesouro reservou R$ 123 bilhões para os pagamentos do auxílio, o equivalente a três anos do Bolsa Família. “Acabou esses três meses, ele tem que ser abandonado”, promete.