Escrito por: Fetamce

#EleNão: mulheres vão às ruas em todo o Brasil contra Bolsonaro

Estão confirmadas ações em 24 cidades, 14 países e três continentes. Só no Ceará, ocorrerão protestos de mulheres contra o fascismo em 31 municípios.

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As manifestações acontecem no próximo sábado, dia 29, em ao menos 31 cidades pelo Ceará, nos demais estados e até em outros países no mundo; veja lista de eventos

Depois de mobilizar milhões de mulheres em torno da hashtags #EleNão e #EleNunca, contra o presidenciável fascista Jair Bolsonaro (PSL), diversos coletivos e ramificações do movimento “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” realizam um conjunto de atos neste sábado, 29 de setembro, em várias partes do País. No Ceará, haverá passeata na Capital e em todas as regiões do estado. A mobilização em Fortaleza está marcada para as 15 horas, na Praia de Iracema, próximo ao Centro Cultural Belchior.

As atividades são suprapartidárias e rejeitam o “avanço do autoritarismo político no Brasil”, tendo como linha principal a defesa da democracia e dos direitos sociais e humanos.

Conheça a agenda no interior do Ceará no dia 29:

“Bolsonaro deu diversas provas de que é machista, anti-povo, racista, homofóbico e reacionário. Além de tudo isso, a pauta econômica do candidato apresentada não leva em consideração as desigualdades impostas às mulheres, população negras, LGBTI e outros grupos oprimidos. Na verdade, o candidato é contra políticas afirmativas e reparatórias. Por isso, nós mulheres, unimos forças e vozes. O Brasil não pode retroceder ainda mais. Por nós, pela nossa história e pelo nosso futuro, dizemos: ele, não. Ele nunca!”, enfatiza Ninivia Campos, secretária de organização sindical da  Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) e militante em causas de Direitos Humanos. Ela também está na organização de ato na cidade de Itapipoca.

A luta também ganhou o mundo. Internacionalmente, onde se as populações, sobretudo na Europa e na América Latina, experimentaram regimes totalitários e fascistas, até agora estão confirmadas ações em 24 cidades, 14 países e três continentes. A avaliação é que diferentemente da Ditadura Militar brasileira, agora militares e setores retrógrados querem chegar ao poder através do voto, ainda que dentro de uma política de repressão e medo.

Por que elas dizem #EleNão?

O capitão reformado do Exército já declarou que defende a ditadura e fez elogios ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandava a tortura no DOI-CODI. Recentemente, o vice da chapa, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que famílias chefiadas só por mães e avós são “fábricas de desajustados”, o que gerou uma onda de críticas e ampliou a rejeição à chapa.

Bolsonaro já afirmou que não contrataria mulheres com o mesmo salário que homens e declarou que preferiria ver um dos filhos homens morto do que namorando outro homem.

Misoginia

Bolsonaro ganhou destaque no tradicional jornal francês “Le Monde” em 2014, por conta de seu ataque à deputada Maria do Rosário (PT-RS). Durante uma discussão, ele disse que só não a estupraria porque ela “não merece”, o que lhe rendeu um processo. O “Le Monde” o chamou de “misógino, homofóbico, racista e atrevido”. É dele, também, a seguinte frase: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.

Homofobia

Jair Bolsonaro já deu inúmeras demonstrações de homofobia. Uma delas, em 2015, rendeu ao deputado a obrigatoriedade de pagar uma indenização de R$ 150 mil por danos morais ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDDD), criado pelo Ministério da Justiça.

Golpe militar

Em 2014, o deputado federal ingressou com um pedido para realizar uma sessão de homenagem ao golpe militar de 1964. Porém, o presidente da Câmara dos Deputados da época, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), derrubou o pedido do parlamentar. A decisão foi tomada após uma discussão com os líderes dos partidos, que chegaram à conclusão de que tal homenagem iria causar desgaste à Casa.

Parlamentar inoperante

Em 25 anos ininterruptos de legislatura, que ele só conseguiu aprovar uma proposta no Congresso Nacional.

Direitos humanos

Em 2016, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Bolsonaro se mostrou contrário à atuação de Organizações Não-Governamentais (ONGs) ligadas aos direitos humanos.

Racismo

Bolsonaro também não esconde posturas racistas. Durante uma palestra no clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em 2017, prometeu acabar com todas as reservas indígenas e comunidades quilombolas do Brasil, caso seja eleito. Em sua opinião, as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia. “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”, destacou. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem pra procriador ele serve mais”, soltou.

Tortura

O show de horrores protagonizado por Bolsonaro começou há muitos anos. Em entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes, datada de 1999, Bolsonaro foi explícito: “Sou a favor da tortura. Através do voto, você não muda nada no país. Fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil, começando com o (então presidente) FHC. Não deixar pra fora, não, matando. Se ‘vai’ morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente”, declarou.

Auxílio-moradia

Mesmo tendo um imóvel em Brasília, Bolsonaro e um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro, recebem dos cofres públicos R$ 6.167 por mês de auxílio-moradia. Ambos são deputados federais. O apartamento de dois quartos (69 m²), em nome do Bolsonaro pai, foi comprado no fim dos anos 90, quando ele já recebia o benefício público, mas ficou pronto no início de 2000.

O deputado recebe da Câmara o auxílio-moradia desde outubro de 1995, ininterruptamente. Seu filho Eduardo, desde fevereiro de 2015, quando tomou posse em seu primeiro mandato como deputado. Ao todo, pai e filho embolsaram, até dezembro de 2017, R$ 730 mil, já descontado o Imposto de Renda.

Amazônia

Em maio deste ano, Bolsonaro concedeu entrevista ao El País onde deixou bem claro que pode simplesmente vender a Amazônia para empresários internacionais, caso seja eleito presidente. “A Amazônia não é nossa. Aquilo é vital para o mundo. A Amazônia não é nossa e é com muita tristeza que eu digo isso, mas é uma realidade e temos como explorar em parcerias essa região”, ressaltou.

Denúncia

Em janeiro deste ano, a Folha de S.Paulo divulgou uma ampla reportagem, na qual revela o crescimento vertiginoso do patrimônio da família Bolsonaro. Segundo a matéria, quando entrou na política, em 1988, Bolsonaro declarava ter apenas um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes de pequeno valor em Resende, no interior no Rio de Janeiro, valendo pouco mais de R$ 10 mil em dinheiro atual.

Hoje, ainda de acordo com a Folha, o presidenciável e seus três filhos, que também exercem mandato, são donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, a maioria em pontos altamente valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. Os bens dos Bolsonaro incluem, também, carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski e aplicações financeiras, em um total de R$ 1,7 milhão, conforme consta na Justiça Eleitoral e em cartórios.

Segurança do ato na Capital

Conforme a organização do movimento, o Governo do Estado foi intimado a garantir a presença da Polícia. Além deles, defensores públicos e advogados da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (Renap) acompanharão o movimento. A Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS) disse que o efetivo de militares que acompanharão o ato ainda “está sendo construído”.

Com informações do Jornal O Povo, UNE e Revista Fórum