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Dilma atendeu duas reivindicações, mas ainda faltam redução da jornada e fim do fator previdenciário

Em ato do 1º de Maio em São Paulo, presidente da CUT, Vagner Freitas, falou sobre medidas anunciadas nesta quarta (30) pela presidenta

Publicado: 02 Maio, 2014 - 00h00

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Os trabalhadores cobraram e a presidenta Dilma Rousseff atendeu parte da pauta que a CUT e as demais centrais sindicais levaram à 8ª Marcha da Classe Trabalhadora, no dia 9 de abril.
Durante pronunciamento em cadeia de rádio e TV na noite desta quarta-feira (30), Dilma anunciou a correção da tabela do imposto de renda (IR), que será de 4,5%, e a manutenção da política de valorização do salário mínimo, conforme cobravam as centrais.
Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que participa da celebração do 1º de Maio da CUT-SP, no Vale do Anhangabaú, o anúncio foi “excepcional” e apontou a importância das medidas para o bolso dos trabalhadores.
“Quem paga imposto no Brasil é o trabalhador e a correção da tabela do IR impede que o “Leão” fique com os aumentos reais que conquistamos nas campanhas salariais e com o valor da PLR (Participação nos Lucros e Resultados”, afirmou.
Sobre a manutenção da política de valorização do mínimo, Vagner ressaltou que a postura da presidenta representa também um enfrentamento a uma corrente conservadora que defende o aumento do salário como estopim para a elevação da inflação.
“Há uma guerra hoje no Brasil encampada por políticos atrasados e candidatos financiados pelos bancos e pelos empresários em defesa dessa conquista da classe trabalhadora. E a Dilma disse que no governo dela a elevação do mínimo, como defendemos, continua”, ressaltou.
O dirigente alerta, porém, que a pressão das centrais continuará em defesa de outros dois pontos considerados prioritários pelos trabalhadores: a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário e o fim do fator previdenciário.
Ambos os pontos foram discutidos nessa terça-feria (29)com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN). Ficou definido que uma audiência na Comissão Geral do Trabalho da Casa discutir as reivindicações trabalhistas.
“A redução da jornada vai gerar mais empregos e permitir melhor a qualificação, porque vai sobrar mais tempo para o trabalhador estudar. Enquanto o fim do fator é essencial para corrigir uma injustiça, a queda da renda do trabalhador que se aposenta justamente no período em que mais precisa e após ter contribuído por anos coma construção do país.”
Questionado sobre a postura do governo na negociação no governo, Vagner disse que o Executivo entendo que o momento não é propício e rebateu a alegação de quem defende a necessidade da medida como mecanismo para não quebrar a Previdência.
“O governo diz que a mudança agora não seria uma boa sinalização para o Mercado, mas não concordamos. Essa é uma herança maldita do período FHC e por isso vamos fazer mobilização para mudar, porque quem quebra a Previdência não é o fim do fator e sim fazer desoneração sem contrapartida das empresas de não demitir. A rotatividade acaba por aumentar o custo do seguro-desemprego e isso sim impacta na Previdência”, defendeu.
Cultura e luta – Com o tema “Comunicação: o desafio do século”, a celebração do 1º de Maio da CUT-SP na região central da capital paulista, terá teatro e shows até as 20h deste sábado.
Para o presidente da Central paulista, Adi dos Santos Lima, o casamento entre a cultura e a reflexão sobre as pautas trabalhistas é perfeito e permite a aproximação com a sociedade para discutir temas que muitas vezes não são tratados pelos grandes meios de comunicação.
“Ano após ano, com o 1º de Maio damos um recado aos empresários de que nossas reivindicações estão fortalecidas. Essa é uma oportunidade única para conversar com a população e fazer com que nossa pauta tenha maior impacto no diálogo com os patrões”, avaliou.
Democratizar a comunicação – Também presente na celebração, o secretário Geral da CUT Nacional, Sérgio Nobre, afirmou que um dos grandes desafios da classe trabalhadora é a democratização dos meios de comunicação. Para ele, a mídia representa apenas os interesses de grupos minoritários controlados por seis famílias. “A classe trabalhadora e os movimentos sindical e social contribuíram com a história de nosso país, mas não são apresentados nos rádios, nas televisões e nos jornais. Fazemos lutas para melhorar as condições de trabalho e, no entanto, ainda estamos somos invisibilizados”.
Em Portugal, falou o dirigente, as centrais sindicais têm dois períodos ao longo do ano para falar em cadeia nacional e mostrar aquilo que o movimento sindical pensa. “Por que isso não é possível no Brasil?”, questiona.
Nobre citou a importância da TVT, construída pelo movimento sindical cutista. “É o mais extraordinário projeto que classe trabalhadora produziu na sua história de comunicação. A televisão atinge de forma mais rápida a maior parte da população. Por isso, o movimento sindical precisa abraçar este iniciativa que tem se consolidado e fazer dela em 10 ou 15 anos a maior emissora de TV no Brasil. Temos muita esperança que isso vai acontecer”.
Fonte: CUT Nacional