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CUT e outras entidades revigoram movimento pela redução da jornada para 40 horas

Dieese diz que redução representaria um impacto de apenas 1,99% nos custos das empresas; empregos criados chegariam a 3,2 milhões; OIT destaca benefícios à saúde

Publicado: 06 Junho, 2014 - 00h00

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Há 19 anos tramita na Câmara dos deputados a PEC 231/95, que propõe a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário. Para pressionar a aprovação da proposta, a CUT e demais centrais sindicais, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – Anamatra, o Ministério Público do Trabalho e diversas organizações lançaram nesta quarta-feira (4), no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, o Movimento Pró 40 Horas.
No ato foi lançada a Carta de Brasília, um manifesto dos trabalhadores onde a CUT e as várias entidades presentes afirmam que a aprovação da PEC 231 "é essencial para a efetivação dos direitos fundamentais dos trabalhadores, como saúde, lazer, educação e à vida digna".
A PEC 231/95 não é a única proposta que tramita na Câmara Federal para reduzir a jornada. Um ano antes da proposta de emenda à Constituição, o então deputado e hoje senador Paulo Paim (PT-RS), propôs o projeto de lei 4.653/94. O PL está na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, e tramita em regime de prioridade.
“Neste momento, nós temos que somar esforços para pressionar a aprovação de alguma lei no Congresso Nacional. Nós acreditamos que a PEC tem mais perspectiva de se sustentar e de se viabilizar, na medida em que a jornada de trabalho está na Constituição Federal e não em lei. Isso nos dá mais segurança para que se estabeleça a jornada reduzida em todo o País”, avalia o secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional, Quintino Severo.
Segundo Quintino, o maior problema para não se aprovar as 40 horas na Câmara é a “correlação de força interna da Casa”. “Nós temos mais latifundiários e empresários no Congresso que trabalhadores. Ou seja, a correlação de força é bem desproporcional se compararmos quem defende a favor e quem defende contra a PEC”, diz.
Para o coordenador do ramo do serviço público e secretário adjunto nacional de Relação do Trabalho da CUT, Pedro Armengol, “a luta pela redução da jornada de trabalho também precisa de ainda mais pressão nas empresas, por meio da luta sindical, combinado com ação de massa dos trabalhadores no Congresso Nacional”. “Este é o momento oportuno para que façamos uma força tarefa para colocar uma matéria que já está pronta para ser votada. Este é um ano de disputa de projeto político no Brasil. E é neste ano que temos que emplacar a jornada de 40 horas semanais, sem redução de salário”, avalia o dirigente.
A CUT-DF, explica o secretário de Administração e Finanças, Julimar Roberto, está pronta para a batalha em defesa da redução da jornada de trabalho. “Temos que mobilizar os trabalhadores para pressionar o Legislativo para que aprove o projeto de lei das 40 horas semanais, sem redução de trabalho. Acreditamos que os trabalhadores da iniciativa privada serão os mais beneficiados com a aprovação desta proposta. Os trabalhadores do comércio, por exemplo, têm jornada de 44 horas semanais, apesar de, na realidade, cumprirem cerca de 50 a 55 horas semanais”, afirma.
Manifesto
A Carta de Brasília, “um manifesto dos trabalhadores brasileiros pela redução da jornada de trabalho de 40 horas semanais”, apresenta uma série de argumentos em favor da jornada de 40 horas, em benefício da qualidade de vida da população e pela geração de empregos. O texto lembra que a jornada de trabalho dos brasileiros é uma das mais extensas do mundo, impulsionada também pela prestação de horas-extra. É por isso que a PEC 231/95, além de reduzir a jornada, aumenta de 50% para 75% o pagamento das horas de trabalho adicionais.
O manifesto, apoiado em dados da Organização Internacional do Trabalho – OIT, ainda afirma que a jornada excessiva de trabalho gera acidentes e doenças ocupacionais, “responsáveis pela perda anual de 4% de toda a riqueza produzida no mundo”.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese, que assina o manifesto ao lado de procuradores e advogados trabalhistas, o impacto gerado ao Brasil com a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais seria de apenas 1,99% nos custos totais das empresas. “O custo é irrisório se considerarmos que, entre 1988 (última redução da jornada) e 2010, houve forte aumento da produtividade do trabalho, na ordem de 92,7%”, afirma.
A redução da jornada de trabalho ainda se mostra como instrumento que geraria mais de 3,2 milhões de empregos, melhoria a distribuição de renda, já que os trabalhadores se beneficiam com os ganhos da produtividade, e efetivaria ganhos em termos de saúde, mobilidade urbana, lazer, educação e vida digna, garantidos constitucionalmente.
Fonte: CUT Nacional