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Confetam repudia tortura e execução de travestis no Ceará

Só no mês de fevereiro, uma travesti foi espancada até a morte e outra torturada em Fortaleza. Nesta sexta-feira (10), movimentos sociais vão às ruas denunciar a transfobia e a LGBTFobia no país

Publicado: 07 Março, 2017 - 10h01

Escrito por: Confetam

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A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), entidade máxima de representação dos servidores públicos municipais brasileiros, vem a público repudiar, de forma veemente, o assassinado da travesti Dandara dos Santos. Aos 42 anos, ela foi torturada até a morte, no dia 15 de fevereiro, em Fortaleza (CE), por um grupo de homens adultos e adolescentes.

Não fosse a viralização nas redes sociais do vídeo com as imagens do suplício brutal ao qual a vítima foi submetida, mais um crime hediondo, com todas as características de transfobia, permaneceria invisível aos olhos da sociedade.

No relatório da Secretaria de Segurança Pública do Ceará, a causa da morte é "outros". Não é descrito se houve tiro (Dandara também foi baleada) ou espancamento (ela foi espancada até morrer), e suspeitos não são identificados (vídeo identifica os criminosos).

Até a manhã desta terça-feira (7), quatro adolescentes suspeitos haviam sido apreendidos, mas os adultos permaneciam foragidos, mesmo após a identificação deles. Os pedidos de prisão, feitos pela Polícia em 23 de fevereiro, só foram expedidos ontem (6) pela Justiça, mais de dez dias depois de solicitados.

É uma tripla violência: o assassinato por ódio, a invisibilidade do crime nos registros oficiais do Estado e a morosidade da Justiça para responder aos reiterados apelos da sociedade pelo fim da impunidade, principal combustível do crime.

Mas esse não é um caso isolado. Três dias antes da execução de Dandara - nome da guerreira negra esposa de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares -, uma outra travesti, Hérika Izidoro, também foi espancada na Capital cearense quando voltava de uma festa. A jovem de 24 anos permanece internada em estado grave na UTI do Instituto José Frota com traumatismo craniano e perda de massa encefálica.

Os dois crimes de ódio engrossam as estatísticas, no Ceará e no Brasil, de assassinatos fruto da aversão doentia a travestis, transgêneros e transexuais, que coloca o país em primeiro lugar no vergonhoso ranking de execuções de pessoas trans no mundo. De 2008 a 2014, foram 604 assassinatos, uma média superior a uma centena de execuções por ano.

É hora de dar um basta! De não admitir que a história de tantas Dandaras e Hérikas se resuma a meras estatísticas e matérias de jornais sobre crimes impunes cometidos contra minorias.

É hora de cobrar das autoridades constituídas não só a punição de assassinos e torturadores, mas a adoção de políticas públicas voltadas para LGBTs e, fundamentalmente, a criminalização da violência contra a população trans, um segmento social que exige mais que solidariedade. Exige respeito!
 
Nesta sexta-feira (10), às 9 horas, vamos todos e todas participar do Ato Público contra a Barbárie Transfóbica, na Praça Luiza Távora, em Fortaleza. Venha e fortaleça a nossa luta contra a LGBTFobia. Justiça para Dandara, Hérika e para todas as outras! Nenhuma a menos!

Fortaleza, 7 de março de 2017

Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal - Confetam/CUT